3.8.11






Qualquer pessoa que me conheça a mais de 10 minutos sabe que eu sou louca por rock. E se me conhece a mais de 20 minutos, sabe que eu sou completamente louca por Pearl Jam.

Eu nunca pensei que um dia me tornaria uma fã alucinada de seja lá o que fosse. Sempre repudiei esse tipo de atitude, afinal desde homens-bomba até a Família Restart, fanatismo nunca deu bons frutos. Mas assumo que não tive nenhum tipo de controle diante desses cinco caras de Seattle.

Pra começar a entender o que me faz admirar a banda, é preciso explicar minha inicial admiração pelo movimento grunge no geral. No início dos anos 90, época em que o grunge estourou, eu tinha 4 anos e obviamente não entendia muita coisa do que acontecia ao meu redor. E ainda que entendesse, eu sempre tive a impressão de que as manifestações culturais que importamos de outros países acabam nos chegando como cópias vazias e sem sentido do original - vide o Halloween que parece tão interessante nos filmes americanos, mas que no Brasil não passa de tema pra festinha escolar.

Enfim, o que quero dizer é que nos Estados Unidos o movimento grunge surgiu com um significado que provavelmente não chegaria intacto até aqui. Isso porque ele foi uma resposta e um produto, ainda que inconsciente, de todo cenário musical que se desenrolava no exterior durante aquele período. Nos anos 80 o mundo conheceu o Glam Rock e gente como David Bowie, com seus saltos, plumas e androgenia. A palavra de ordem era extravagância. O grunge veio justamente na contramão desta referência. As camisas de flanela, as calças rasgadas e acima de tudo a atitude anti-star de seus expoentes marcaram aquilo que pra mim sempre foi o maior atrativo do gênero: a simplicidade e a não ostentação.

Acho que quando se transpõe isso para o cotidiano de todos nós, a sensação de liberdade que tal simplicidade dá é incalculável. Ainda mais no mundo de hoje, tão preso à aparências e esteriótipos, principalmente se você for mulher. Até mesmo na sonoridade o grunge transmitia a aceitação de cada coisa como ela é, sem a necessidade de maiores artifícios além de algumas guitarras e muita intensidade, tanto física quanto emocional.

É claro que com o passar do tempo o estilo acabou sendo lapidado para que o resto do mundo pudesse digeri-lo mais facilmente. Ele acabou se tornando mais comercial em comparação com suas primeiras manisfestações, como pode-se perceber claramente ao se comparar o som de bandas mais antigas como Mudhoney ou Screaming Trees, com os álbuns consagrados do Nirvana, "Nevermind" e do próprio Pearl Jam, "Ten".

O fato é que eu nunca enxerguei o grunge apenas como música. Assim que tive o primeiro contato com esse movimento, percebi que havia encontrado um lugar em que todas as minhas preferências pessoais estavam materializadas. Digo isso porque desde que me conheço por gente tenho aversão às convenções que exigem de você um determinado comportamento, como se todos fôssemos robôs programados pra realizar as mesmas tarefas. Também tenho aversão à práticas mal interpretadas que subjulgam nosso interior e exaltam uma casca fina de aparências fúteis - ou, em outras palavras, sempre tive horror dessas pessoas que gastam 1000 reais numa calça de marca, mas não perdem 5 minutos lendo um livro.

Com isso claro, dá pra fazer alguns cálculos e decifrar de onde vem meu fanatismo por Pearl Jam. Considerando todo o background da coisa, somando- se o fato de que boa parte das bandas "grunge" se dissiparam com a morte de seus integrantes ou pela invasão da música eletrônica e do britpop, parece lógico que eu me apegasse ao maior remanescente daquela geração. Além, é claro, do Eddie Vedder ser um amor platônico e plena materialização do meu homem ideal (ainda mais em 1992, com aquele cabelão *_* ), mas isso não vem ao caso.

E o bonito é que eles permanecem na ativa não apenas como uma sombra do seu apogeu. Os caras continuam fortes, talvez com menos exposição midiática, mas este nunca foi mesmo seu objetivo. Aliás, se teve uma coisa contra a qual o grunge sempre lutou, foi a insana exposição e invasão de privacidade que o sucesso traz. Tanto que muitos apontam esta como uma das principais razões que levaram Kurt Cobain (o mais famoso dos grunges) ao suicídio e ao fim da era das camisas de flanela.

Com todas essas considerações feitas, vocês podem imaginar o que significa para mim este show de novembro. Apesar das óbvias mazelas de se assistir a um show internacional aqui, como por exemplo ter que ir à um estádio pra enxergar um ponto pulando no palco e jurar pra si mesmo que "aquele é o Eddie Vedder, aquele é o Eddie Vedder", a alegria que me invadiu quando eu soube que os ingressos já estavam comprados foi sobrenatural. Principalmente porque eu não fui ao show de 2005 e tenho seis anos de frustração acumulados.

Na verdade acho até que precisava escrever esse post pra conseguir extravazar um pouco dessa euforia. E também pra verbalizar, pra mim mesma, essa minha paixão. Eu sempre achei que transformar sentimentos em palavras é mesmo a melhor maneira de entendê-los. Lendo tudo que foi dito, eu me lembro das razões que transformam este momento em algo tão grandioso e importante para mim.

Faltam exatos 3 meses para o dia mais incrível da minha vida, o dia em que eu vou - de fato - sentir e entender o significado da frase "Im still alive."

E eu realmente mal posso esperar.

Um comentário:

  1. Se gostar do movimento grunge, gostar de Pearl Jam e em especial do Eddie Vedder, contribuiu para a formação dessa pessoa excepcional como filha, amiga, enfim.. ser humano... eu, como mãe, só tenho a agradecer à todos eles. Continue sendo grunge e amando rock and roll!

    Você ainda tem muita vida pela frente!

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